Olá, pessoal!
Quem me conhece pessoalmente sabe que, simultaneamente à minha formação em arquitetura e urbanismo, de 1979 a 1983, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAUUSP, eu também estudei – e me formei – em música (como instrumentista e arranjador) na Fundação das Artes de São Caetano do Sul – FASCS, de 1981 a 1984. Posteriormente, de 1985 a 1992, fui professor de contrabaixo elétrico na mesma FASCS.
Naquela época, durante algum tempo, fiquei em dúvida se seria mais arquiteto que músico ou mais músico que arquiteto. No entanto, as oportunidades que a vida me apresentou me fizeram seguir pelo primeiro caminho e, depois, me levaram à acústica... mas isso eu conto num outro post. Hoje eu quero falar um pouco do meu lado músico e da história por trás dos meus quatro instrumentos – por enquanto – aí da foto.
No início da década de 1980, os tempos eram bem diferentes de hoje. A importação de instrumentos era praticamente proibida (pois havia os “similares nacionais”), não havia tantas lojas de instrumentos musicais (a Rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, tinha somente lojas de móveis) e conseguir um violão, uma guitarra ou um contrabaixo elétrico de boa qualidade – em geral, importado – era quase impossível. Quem tinha (muito) dinheiro, comprava o seu nas 2 ou 3 lojas de São Paulo que ofereciam uns poucos modelos americanos ou japoneses. Quem não tinha (eu, por exemplo), se contentava com os tais “similares nacionais” ou tinha que esperar algum amigo (ou parente) viajar ao exterior para trazer o instrumento dos sonhos escondido na bagagem.
Em 1986, viajei pela primeira vez aos Estados Unidos e, claro, realizei meu sonho de ter meu primeiro contrabaixo importado: comprei um Ibanez Roadstar II (RB-885) de 5 cordas, japonês, branco perolizado, com escala de ébano e circuito ativo, na Sam Ash da 48th Street, em Nova York. Custou US$ 450.00. Está aí na foto. Uma máquina!
Viajei aos Estados Unidos novamente em 1988 e, garimpando em lojas de instrumentos usados no interior do estado de Nova York, encontrei um Fender Jazz Bass 74, americano, com escudo branco, escala clara e marcações em blocos de madrepérola. Originalmente preto, o baixo tinha sido repintado de vermelho, estava com um captador queimado e muito mal cuidado. Mesmo assim, topei pagar US$ 400 por ele. Aqui no Brasil, foi submetido a uma reforma completa, que o deixou novinho em folha. O corpo foi repintado na cor sonic blue, os trastes foram substituídos, o braço foi repintado (preservando o logotipo original), o captador queimado foi recondicionado e a ponte original foi substituída por uma ponte Badass II. Equipado com cordas Rotosound roundwound swing bass, ficou uma máquina, também!
Fiquei somente com esses dois instrumentos por muitos anos. Em 2002, durante uma daquelas arrumações em casa, encontrei uma caixinha com um kit completo (captador, circuito, potenciômetros, ponte, tarraxas, knobs e as capas cromadas, do captador e da ponte), retirado de um Fender Precision Bass 78, que eu tive antes de minha primeira viagem aos Estados Unidos. Tudo super conservado! Resolvi encomendar um modelo Precision Bass fretless com essas peças, num luthier chamado Jair – o mesmo que havia restaurado o Jazz Bass 74. Aproveitei para acrescentar um captador “J” próximo à ponte. O acabamento 3-color sunburst do corpo, com escudo tortoise e braço com escala clara ficou muito bem feito. O timbre do instrumento, com cordas Rotosound flatwound, ficou demais! Também está na foto.
Para um sujeito que, como eu, cresceu ouvindo os Beatles, ainda faltava alguma coisa. Os baixos alemães da marca Höfner, em forma de violino, que ficaram mundialmente famosos nas mãos de Paul McCartney, sempre fizeram parte da minha wishlist. Mas os preços, nunca abaixo de US$ 2,500.00, sempre fizeram com que eu adiasse a compra de um. Só que no início dos anos 2000, a Höfner iniciou uma linha de produção de instrumentos na Ásia, a preços mais acessíveis. Era a oportunidade que eu esperava! Em 2010, durante uma viagem a Miami, comprei o Höfner Contemporary Beatle Bass por US$ 850.00 na Guitar Center, que também está aí na foto. Produzido na China, com corpo semi-ôco, captadores alemães e equipado com cordas Tomastik-Infeld flatwound, o baixo entrega o mais puro timbre dos anos 60!
Como todo músico – ainda que amador – que se preze, continuo achando que falta alguma coisa. Então, assim que eu adquirir mais algum brinquedo de gente grande para a minha coleção, eu conto para vocês!
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